Entre 1950 e 2010, a taxa de urbanização da América Latina passou de 41% a 79%. Caso esta tendência se mantenha, a taxa de urbanização em 2030 será de cerca de 90%, fazendo da região a mais urbanizada do planeta.
Essa tendência consolida a cidade como o centro do desenvolvimento econômico e humano da região. A cidade está criando trabalho, está inovando, está repensando seus sistemas de saúde e educação, transporte, está fazendo frente às mudanças do clima, está abrindo espaços para o debate e a socialização. Para que esse dinamismo possa traduzir-se em um fenômeno exitoso, a cidade deve aprender a planejar seu presente pensando em seu futuro, buscando o equilíbrio entre crescimento econômico, a inclusão social e o respeito ao meio ambiente. É, portanto, responsabilidade das cidades melhorar a qualidade de vida das gerações presentes sem comprometer o bem estar das gerações futuras.
Com o objetivo de responder a este desafio, o BID criou um curso que busca fortalecer os conhecimentos e capacidades dos participantes em gerir o desenvolvimento sustentável de suas cidades. E para isso, o curso parte da premissa que a sustentabilidade das cidades só será alcançada por meio de uma perspectiva integrada e intersetorial; uma perspectiva integral, onde se trabalhe de maneira conjunta os desafios econômicos, fiscais, urbanos, ambientais, institucionais e de governabilidade das cidades junto com uma perspectiva intersetorial, onde as diferentes áreas e níveis de governo se coordenem e que se articulem com o setor privado e com a sociedade civil.
Com o objetivo de entender melhor essa perspectiva, o curso analisa a situação, os desafios setoriais e intersetoriais que as cidades encontram na gestão das principais áreas de sua competência: finanças subnacionais, desenvolvimento produtivo, planejamento urbano, transporte, segurança cidadã, água, ar etc. Desta forma, com o objetivo de abordar o planejamento do desenvolvimento sustentável das cidades médias latino americanas, o curso apresenta a “Iniciativa Cidades Emergentes e Sustentáveis”, uma ferramenta de gestão que permite dar sentido ao trabalho analítico das dimensões/desafios de forma integrada.
Assim como na América Latina e no Caribe, o Brasil possui grandes desafios ambientais, urbanos e fiscais para a sustentabilidade de suas cidades. Dentre eles se destacam os altos índices de violência - 25,8 mortes violentas por 100 mil habitantes segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública; a desigualdade urbana, uma vez que o país é o 4º mais desigual da América Latina e Caribe; e a vulnerabilidade diante de desastres naturais, onde se calcula, por exemplo, que a reconstrução das cidades cariocas devastadas pelas enchentes e pelos deslizamentos de 2011 custou 1,3% do PIB do estado do Rio de Janeiro; ou ainda, degradação ambiental, com um índice de 63% de esgoto sendo lançado nos corpos hídricos sem nenhum tratamento, segundo o MCidades.
Além de fornecer conceitos e uma visão abrangente da situação do Brasil em relação à sustentabilidade das cidades, neste curso serão abordados alguns desafios dos municípios, bem como exemplos práticos de como esses problemas estão sendo enfrentados.